Estive
em dez/2012 na cidade de Santa Cruz de la Sierra-Bolívia, numa formatura em
medicina de uma prima. Sobre a formatura, não vou entrar no mérito, porque
todos já sabem que os cursos superiores feitos no exterior não são bem vistos
no Brasil e sua aprovação por aqui, dependem
de rígidos exames. Então vou falar sobre a cidade.
O
aeroporto internacional chamado Viru Viru é
muito modesto e muito pequeno para tal. Mais ou menos do tamanho do
aeroporto de Londrina, só que muito precário. Por lá, chegam aviões da
Argentina, Chile, Brasil, Uruguai, Estados Unidos e de toda Europa, uma vez que
a cidade de Santa Cruz está para a Bolívia, assim como São Paulo está para o
Brasil.
A
frota de veículos deve ter uns 30 anos em média de uso. Existem carros novos de
todas as marcas famosas mundiais, mas são raros. Tanto carros, ônibus e
principalmente os taxis são muito velhos e muito sujos, com plástico colado no
lugar de vidros. Após usar um taxi, a roupa sempre fica empoeirada. Outra coisa impressionante no trânsito é a
desordem geral; poucos semáforos; quem chegar primeiro na esquina passa. É
hábito buzinar constantemente, mesmo sem motivo.
A
cidade é composta de parte velha e parte nova, mas ambas são desorganizadas e
não há um planejamento urbanístico. Tudo é desordenado, sem calçadas e quando
há, não tem um padrão de largura e
altura. As construções tanto novas quanto antigas colocam suas colunas de sustentação nas calçadas.
O
comércio abre as 9 e fecha para almoço das 12 às 14 e vai até as 21 horas. Somente bancos tem
horário contínuo das 10 às 15 horas. A moeda local é o Boliviano que vale
pouco; 4 bolivianos compram 1 real. A
população é extremamente pobre; as construções são na maioria decadentes, os
veículos são velhos; as circulares são micro-ônibus com mais de 30 anos;
motocicletas quase não há, bicicletas muito menos. A população se veste com
roupas e calçados muito simples.
As
comidas são extremamente diferentes das nossas, com exceção do frango. Eles
comem frango com tudo, ou dá a impressão que só tem frango pra comer. Os locais
de venda de alimentos são sujos, mal cheirosos e muito fedor de fritura. O
cheiro da comida é desagradável para o nosso costume. Se vende comida até de
carriola na rua sem qualquer tipo de higiene. Os raros fast food de lá, não
vendem sanduiches, mas sim, frango com
batata frita.
Existe
um comércio ambulante “camelô” no centro da cidade, que vende de tudo: roupas
de marcas famosas, perfumes, cosméticos, calçados, bebidas e claro: comida estranha; claro que tudo falsificado.
Também há um bairro chamada Lindo, que de lindo não tem nada, que há uma feira,
em pavilhões imensos; ali a desordem é geral. Nesta feira se vende
de tudo também, inclusive animais silvestres como papagaios, cachorro,
tartaruga, cobra, iguanas entre outros. Outro bairro tem a feira americana que
vende de tudo também, só que tudo usado.
Para
uma cidade com 1,7 milhão de habitantes, impressiona a falta de policiais e
viaturas. São raros os policiais. Somente na praça central, onde fica a casa do
governo, que há uns raros. Na praça central também fica a majestosa Catedral Metropolitana
Basílica de San Lorenzo; uma verdadeira maravilha da construção humana em
estilo barroco na cor cerâmica, construída entre 1770 a 1838. Assisti uma
missa no domingo ao meio dia; estava completamente lotada; o mais
impressionante foram as musicas e o canto,
simplesmente celestiais: confesso que me emocionei muito naquele lugar.
Nesta praça central é o local de encontro das pessoas; sempre tem muita gente.
No domingo a tarde havia uma banda sinfônica, formada por jovens e
adolescentes, tocando musicas natalinas,
que encantou tanto pela excelente qualidade musical, quanto pela alegria dos
músicos, mas os instrumentos eram muito velhos e as partituras eram presas por
presilhas de varal. Também nesta praça central, há um mural com fotos de
prisioneiros políticos, contrários ao presidente Evo Moralez, “mui amigo” do
nosso ex presidente. Lá as pessoas evitam falar do governo e sobre política, com
medo de censura.
Mas
tudo isto não me chamou muito a atenção; o que realmente me impressionou e foi
a melhor coisa que lá vi foi o sorriso e alegria estampado no rosto de cada
boliviano, tanto adultos, jovens,
crianças, homens e mulheres; estão sempre muito felizes, tanto entre eles
quanto conosco. No trabalho, na igreja, na rua, estão sempre alegres.
Adolescentes trabalhando em todos os lugares e sempre alegres. Até os dois
ladrões que nos roubaram na rua em plena
luz do sol, foram de uma educação que até impressionou.
Em
resumo, só fazendo um passeio pra um lugar deste, para então darmos o devido
valor às nossas cidades, ao Estado e ao Brasil. Conclui-se que estamos muito
avançados em todos os sentidos, com relação àquele País. Quando alguém falar
mal das coisas que aqui temos, vou recomendar que faça uma viagem a Bolívia pra
poder saber o que realmente é problema generalizado.